borboletas


sexta carta.Olá, espero que ainda te lembres de mim. Hoje não me vou embora daqui enquanto não acabar a carta que para ti escrevo, mais uma vez. estou com fome, estou cansada, estou aborrecida, estou confusa, estou com frio, estou sozinha e de coração partido. eu sei que provavelmente não devíamos fazer isto; acordo de manhã, e sinto-me estúpida. Sinto-me sem sentido, sinto-me vazia e sem rumo. Sinto a tua falta. As minhas mãos estão fracas, as minhas pernas imóveis, a minha respiração sôfrega, e a minha pulsação nula. Estou tão cansada, tão farta. E continuo aqui, sem nada perceber. A tua presença incomoda-me, as tuas palavras custam, o teu cheiro arde. O teu sorriso ainda me dói, os teus olhos ainda conheço, a tua sombra ainda sei desenhar, e as minhas lágrimas estão agora podres, de tanto as segurar. Eu avisei-te, eu pedi-te, supliquei-te, para que no fim não deixasses nada que me recordasse de ti, não deixasses nada que, quando o silêncio grita alto demais, me recontasse a nossa história, como um conto de fadas sem final. Eu prometo que para a próxima serei mais forte, que para a próxima não escreverei mais cartas. Prometo que para a próxima me esqueço do teu nome, e da tua cara. Mas vá, não dês importância, segue em frente; apenas pensei que estarias sempre aqui, comigo. Faz sentido? 

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