borboletas


ultima carta. «  Inês para mim és perfeita és a mulher da minha vida quero mais que um ano contigo quero um sempre quero-te de verdade nunca amei ninguém assim » - disseste tu. Só agora tive coragem, de te atirar à cara, as palavras que cuspiste sem pensar. Engulo a seco e respiro fundo, tento decifrar as mentiras escondidas nas tão desonestas palavras, mas o sono consome-me os olhos que mal se mantêm abertos. Estou mais calma, pés assentes na terra, já não choro por ti. O tempo, tem sido o meu melhor ajudante, companheiro na dor, ensina-me a andar, rumo ao esquecimento. Estou-me a mentalizar que acabou, estou-me a mentalizar, que tal como tu, eu serei feliz. Cansada de cartas que não lês, exausta de palavras que desperdiço em vão. Vou seguir em frente, sem olhar para trás. Vou queimar as esperanças, junto do meu orgulho que prevaleceu até ao fim. E comigo, vou levar aquela caixinha, rotulada no topo com « Recordações »; vou levar o nosso primeiro beijo, os nossos passeios, as nossas noites ao relento, a tua casa , a minha. Vou levar o nosso amor, escrito em capítulos sem fim, vou levar o teu cheiro, e o teu jeito delicado, e também maus tratos. Vou levar as nossas brigas, e os ciúmes, as chatices mais idiotas e o sorriso que te arrancava depois de gritarmos um com o outro. Vou levar os dias de Verão, e o pôr do Sol. Vou levar os teus olhos verdes, e o brilho que neles continhas. Vou levar-te a ti, sempre, até ao fim. 

Mas vá desculpa, não roubo mais do teu tempo. Fico feliz por teres encontrado alguém; não te esqueças de mim e quem sabe se um dia nos voltamos a encontrar, "meu" amor.

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